sábado, 25 de setembro de 2010

SE

Se és capaz de manter tua calma, quando
todo mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não pareceres bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a Derrota e o Triunfo, conseguires
tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo !
A dar seja o que for que neles ainda reste,
E a persistir, assim quando, exausto, contudo,
resta em ti a vontade que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a simplicidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
se a todos podes ser de alguma utilidade,

E se és capaz de dar, segundo por segundo,
do implacável minuto, todo o esforço na corrida,
Tua é a Terra com tudo o que nela existe,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Biblia e o Direito



Escrito por Guilhardes de Jesus Júnior    13-Oct-2006

  
A todo momento nos deparamos, na Academia, que se auto-intitula lugar de universalidade de conhecimentos, de debate de idéias, de liberdade da manifestação de pensamento, algumas falas tendentes a rechaçar o pensamento religioso, notadamente o cristão, normalmente tachando-o de fechado, retrógrado, antigo, contrapondo-o ao pensamento acadêmico moderno, aberto, flexível.
Pois bem. Justamente de onde deveria vir a abertura para que as pessoas se permitam descobrir os pensamentos contidos em determinadas obras, as pessoas normalmente colocam barreiras ao conhecimento. Refiro-me, em especial, à Bíblia, livro sagrado do cristianismo, um dos livros mais atacados no meio acadêmico, meio das “luzes” e das “liberdades”.

E tomo a liberdade de escrever estas linhas em primeira pessoa, por ser um assunto que me incomoda bastante. Chega a ser contraditório o discurso democratizante com as práticas cada vez mais segregantes em relação a quem expressa convicção religiosa. E justamente no lugar onde não deveria ocorrer. São professores detentores de ilustrados títulos, e alunos embevecidos com as bravatas de seus mestres, que se armam de escudos e lanças prontos a desqualificarem os textos contidos na Bíblia, e as pessoas que têm a coragem (isso mesmo, parece paradoxal, mas a coragem) de expressar sua filiação religiosa.

Que pena! Como perdem os arautos da dita racionalidade! E “racionalidade” construída por quem? A quem interessa o discurso (político) de desqualificação dos textos bíblicos?

Sem adentrar na seara da convicção religiosa, sempre digo em sala de aula que o estudante de Direito tem que ler a Bíblia. E o digo com a convicção de quem aprendeu a ler a Bíblia com o olhar do crente e o olhar do cientista. Mais especificamente em relação ao Direito, vemos nos livros bíblicos o alvorecer de todo um sistema jurídico nascido da saga de um povo, o povo hebreu, que a partir de seus patriarcas construiu um sistema sócio-político-religioso que se contrapôs a todas as sociedades antigas. A idéia de um Deus único, criador do universo, com vontade soberana sobre o destino da humanidade, que impunha responsabilidade na convivência dos homens entre eles e com a divindade, contrastou frontalmente com a idéia antiga de politeísmo e promiscuidade dêitica.

Um Direito que se imortalizou a partir da figura do grande legislador Moisés, o maior de todos os tempos (e não sou eu quem o digo, é Jayme de Altavilla, uma referência da História do Direito no Brasil), que acumula em si a experiência de ter sido general de exército no Egito, e a fé nascida no deserto, no auge de seu exílio, que o permitiu elaborar um dos maiores códigos jurídicos da Antigüidade.

Basicamente quatro são os livros que tratam diretamente de prescrições jurídicas na Bíblia. Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio trazem no bojo de seus escritos uma série de prescrições jurídicas, que incluem normas penais, civis, constitucionais, processuais. Regulamentação do falso testemunho, penas contra o suborno de juízes, princípio da igualdade, função social da propriedade, dentre outros.

Engana-se quem pensa somente haver prescrições religiosas na Bíblia. Engana-se ainda mais quando imagina que os textos bíblicos fazem parte de alguma espécie de alegoria criada pela Igreja para se garantir num sistema de poder. Nas próximas edições do “É Direito” continuaremos a mostrar aspectos sociais da Aliança de Deus com os homens. Por enquanto fiquem abaixo com esta passagem do Deuteronômio, provenientes de uma ordem dada aos juízes hebreus: “Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás subornos; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. A justiça, a justiça seguirás; para que vivas, e possuas em herança a terra que te dará o Senhor teu Deus”. (Dt 16:19-20).

Deus os abençoe (será que vão me segregar por isto?)


Guilhardes de Jesus Júnior é Professor da UESC e da FTC, Coordenador do NUPRAJ, Membro da Igreja Batista Memorial de Ilhéus, onde é professor de Escola Bíblica Dominical.
http://www.periodicoedireito.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=161&Itemid=31

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Além do pó...


Assim como caem as folhas,
cabelos também hão de cair
anunciando a nova estação
lembrando a você que...
nem sempre é verão...

Assim como a pedra desgasta,
seu corpo também vai se acabar
fazendo mais pó para o vento levar,
abrindo passagem pro tempo passar...

Mas, além do pó, existe uma eternidade para se viver!
Onde você você vai passá-la? Responda que eu quero saber...

(Grupo Novo Alvorecer, 1978)

Preparação para a Vida Eterna

Nota : Caro leitor segue trecho da Didatica Magna escrita pelo notável educador moravio Comenius. Embora eu discorde de alguns pontos, admiro a visão deste notável Cristão, um visionário de seu tempo. Esse texto contribui muito para uma reflexão a respeito de nossa missão nesta vida. Se você é uma daquelas pessoas que vive esta vida "como se fosse ficar aqui para sempre", te convido a esta indispensável reflexão. []'s
by: @shbel
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Didatica Magna
Iohannis Amos Comenius (1592-1670)

Capítulo III
ESTA VIDA NÃO É
SENÃO UMA PREPARAÇÃO PARA A VIDA ETERNA

Testemunhos desta verdade
1. Que esta vida, uma vez que tende para outra, não é vida (falando com rigor), mas um proêmio da vida verdadeira e que durará para sempre, tornar-se-á evidente, primeiro, pelo testemunho de nós mesmos; segundo, pelo testemunho do mundo; e, finalmente, pelo testemunho da Sagrada Escritura.
1. Pelo testemunho de nós mesmos.
2. Se lançarmos um olhar introspectivo sobre nós mesmos, veremos que todas as coisas da nossa vida procedem de tal modo gradualmente, que a antecedente prepara o caminho para a seguinte. Por exemplo: a nossa primeira vida desenvolve-se nas vísceras maternas. Mas em proveito de quem? Acaso em proveito de si mesma? De modo algum. Trata-se apenas de formar convenientemente um pequenino corpo para servir de habitação e de instrumento à alma, para comodidade e uso da vida seguinte, a qual vivemos à luz do sol. E apenas aquele pequenino corpo está perfeito, somos dados à luz, pois já não há nenhuma razão para que continue naquelas trevas. Do mesmo modo, portanto, esta vida que vivemos à luz do sol não é senão uma preparação para a vida eterna, de tal maneira que não é de admirar que a alma se sirva do corpo para conseguir aquelas coisas que lhe serão úteis para a vida futura. Apenas feitos estes preparativos, emigramos daqui, porque nada mais temos aqui a fazer. É verdade que alguns, antes que tenham feito esses preparativos, são arrebatados, ou antes, lançados no seio da morte, do mesmo modo que, nos casos de aborto, o feto é lançado fora do útero, não para o seio da vida, mas para o seio da morte; em ambos os casos, porém, isso acontece, é certo que com a permissão de Deus, mas contudo, por culpa dos homens.
2. O mundo visível foi criado somente para servir de sementeira, de alimentador e de escola aos homens.
3. Também o mundo visível, de qualquer parte que se olhe, atesta que não foi criado para outro fim senão para servir para a multiplicação, para a alimentação e para a educação do gênero humano.
     Com efeito, uma vez que a Deus não aprouve criar os homens todos juntos, no mesmo momento, como fez com os anjos, mas produziu apenas um macho e uma fêmea, dando-lhes, a fim de que, por via de geração, se multiplicassem, as forças necessárias e a sua benção, foi preciso conceder um espaço de tempo necessário para esta sucessiva multiplicação, pelo que foram concedidos alguns milhares de anos. E para que esse tempo não fosse um tempo de confusão, de surdez e de cegueira, fez a extensão dos céus, guarnecidos com o sol, a lua e as estrelas, e ordenou que estes astros, com as suas revoluções, servissem para medir as horas, os dias, os meses e os anos. A seguir, uma vez que o homem seria uma criatura corpórea, com necessidade de um lugar para habitar, de um espaço para respirar e para se mover, de alimento para crescer e de vestidos para se adornar, fez (na parte mais baixa do mundo) um pavimento sólido, a terra: e circundou-a de ar e banhou-a com as águas, e ordenou-lhe que produzisse plantas e animais multiformes, não apenas para satisfazer as necessidades do homem, mas também para seu deleite. E, uma vez que formara o homem à sua imagem, dotado de inteligência, para que também não faltasse à inteligência o seu alimento, derivou de cada uma das criaturas muitas e várias espécies, para que este mundo visível aparecesse como um lucidíssimo espelho da infinita potência, sabedoria e bondade de Deus, na contemplação do qual o homem fosse arrebatado por um sentimento de admiração pelo Criador e impelido a conhecê-lo e movido a amá-lo. Efetivamente, a solidez, a beleza e a doçura do Criador permanece invisível e escondida no abismo da eternidade, mas por toda a parte brilha por meio das coisas visíveis e presta-se a ser apalpada, observada e saboreada. Portanto, este mundo nada mais é que a nossa sementeira, o nosso alimentador e a nossa escola. Deve, por isso, existir um mais além («Plus ultra»), onde, uma vez saídos das aulas desta escola, nos matricularemos na Academia Eterna. Pela razão, portanto, consta que as coisas se passam assim; mas é ainda mais evidente pelas Sagradas Escrituras.
3. O próprio Deus o atesta com as suas palavras.
4. O próprio Deus afirma, pela boca de Oséias, que os céus existem por causa da terra, a terra por causa do trigo, do vinho e do azeite, e tudo isto por causa dos homens (Oseias, 2,22). Tudo, portanto, existe por causa do homem, até o próprio tempo. Com efeito, não será concedida ao mundo uma duração mais longa que a necessária para completar o número dos eleitos (Apocalipse, 6, 11). Apenas este número esteja completo, os céus e a terra desaparecerão e não se encontrará mais lugar para eles (Apocalipse, 20,7), pois surgirá um novo céu e uma nova terra, onde habitará a justiça (Apocalipse, 21,1 e 2; Pedro, II, 3, 18). Finalmente, até os nomes que as Sagradas Escrituras dão a esta vida dão a entender que esta não é senão uma preparação para outra. Com efeito, dão-lhe o nome de via, viagem, porta, espera; e a nós, o nome de peregrinos, forasteiros, inquilinos, aspirantes a uma outra cidadania, a qual será verdadeiramente permanente (Gênesis, 47,9; Salmo 29, 13; Job, 7, 12; Lucas, 12, 36).
A experiência.
5. Todas estas coisas são demonstradas pelos próprios fatos e pela condição de todos os homens, o que é colocado sob os olhos de todos nós. Com efeito, quem de todos os que nasceram, depois que apareceu no mundo, não desapareceu de novo? Precisamente porque somos destinados à eternidade. Porque, portanto, pertencemos à eternidade, é necessário que esta vida seja apenas uma passagem. Por isso Cristo disse: «Estai preparados, porque não sabeis em que hora virá o Filho do homem» (Mateus, 24, 44). E é esta a razão (sabemo-lo também pela Escritura) por que Deus chama deste mundo alguns ainda na primeira idade da vida: chama-os certamente quando os vê preparados como Enoc (Gênesis, 4, 24; Sabedoria, 4, 14). Porque é que, ao contrário, usa de longanimidade para com os maus? Sem dúvida, porque não quer surpreender ninguém não preparado, mas que todos se convertam (Pedro II, 3, 9). Se, todavia, algum continua a abusar da paciência de Deus, este ordena que seja arrebatado pela morte.
Conclusão.
6. Portanto, assim como é certo que a estadia no útero materno é uma preparação para viver no corpo, assim também é certo que a estadia no corpo é uma preparação para aquela vida que será uma continuação da vida presente e durará eternamente. Feliz aquele que sai do útero materno com os membros bem formados! Mil vezes mais feliz aquele que sair desta vida com a alma bem limpa!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pescador

É manhã pescador
Já se lança no mar
Pra pegar uns pescados
Pra ganhar uns trocados para se sustentar

Sol a sol com suor
Céu e céu, mar e mar
Quando enfrenta perigo
Logo lembra do amigo
Que não pôde voltar

Meia volta se faz
Não dá pra retornar
Some o sol, some a cor
Surge o medo e temor
E esquece da dor
E esquece do pão
E esquece o metal

Sabe que de sua vida se Deus não der guarida
O que vem é fatal
Pois se a vida é naufrágio
Todo o esforço é fracasso
Só Deus tem solução


VPC

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eu só peço a Deus

Mercedes Sosa / Beth Carvalho
composição: Leon Gieco e Raul Ellwanger

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria...


Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente...


Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande, pisa forte
Toda a pobre inocência desta gente...

É um monstro grande, pisa forte
Toda a pobre inocência desta gente!!!


Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
sem ter que fugir desenganado
pra viver numa cultura diferente...


Solo le pido a Dios
Que la guerra que no me sea indiferente
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente...