quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

TE CONHECER

Ministerio Trazendo a Arca

Tudo o que eu quero está em ti
toda a minha vida eu te entrego
pois não há outro além de ti
tudo o que eu possa conquistar
não se compara à tua presença
nem ao prazer de te adorar

Dias vem dias vão e em meu coração
só aumenta o desejo de te encontrar
agradecido eu sou pelo que já recebi
mas não estou satisfeito, eu quero mais

Te conhecer
E prosseguir em te conhecer
Esse é o alvo da minha vida, Senhor
Te conhecer
E prosseguir em te conhecer
É tudo o que eu quero pra minha vida, Senhor

Eu quero te ver como nunca te vi
Tocar-te e sentir tuas mãos me tocar
Podes fazer em mim o que tens que fazer
Quero ser segundo teu coração

Te conhecer
E prosseguir em te conhecer
Esse é o alvo da minha vida, Senhor
Te conhecer
E prosseguir em te conhecer
É tudo o que eu quero pra minha vida, Senhor
Tu és o alvo da minha vida, Senhor

http://www.vagalume.com.br/ministerio-trazendo-a-arca/te-conhecer.html#ixzz18wCBtgp6

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ja vai passar...

Quando você não tem mais nada prá dizer
e tem certeza que o show já terminou
você não sente mais razão para viver
e a solidão sobre você desabou
    Você quer encontrar a força que precisa pra continuar tentando
    você quer econtrar a mão amiga que enxugue o seu pranto
Não lhe restou nenhuma gota de alegria
e a esperança no fim parece estar
Deus lhe sussurra: "Espere mais um dia,
essa dor é passageira e tudo já... Vai passar !!!!"

     Já vai passar, já vai passar...

E você continua indo em frente
e vai cantando ao seguir aquela estrada
seu coração até ja bate diferente
pois você viu aquela luz tão esperada
    Você quer encontrar a força que precisa pra continuar tentando
    você quer econtrar a mão amiga que enxugue o seu pranto
E nestas horas, ah! como é bom saber
que o Senhor sempre ao seu lado estará
no fundo de seu coração diz pra você:
"Essa dor é passageira e tudo já... Vai passar !!!!

     Já vai passar, já vai passar...  

AUSENCIA

Vinicius de Moraes



Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa
como a luz e a vida

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque
em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados

Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como uma nódoa do passado.
Eu deixarei ... tu irás e encostarás
a tua face em outra face

Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei a minha face
na face da noite e ouvi a tua fala amorosa

Porque meus dedos enlaçaram os dedos
da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só
como os veleiros nos portos silenciosos

Mas eu te possuirei mais que ninguém
porque poderei partir
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A TRISTEZA PERMITIDA

 (Marta Medeiros)

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.